sábado, 14 de maio de 2011

Minha relação com a Campanha da Fraternidade

Antes de continuar a pensar sobre a história da Campanha da Fraternidade, jugo ser interessante expor alguns motivos que me instigam em relação a este assunto. Em Fevereiro deste ano, o amigo Cleytson Silva, me enviou algumas perguntas sobre o meu interesse no assunto. Reconheço que falei demais, mas as respostas seguem, na íntegra, abaixo:



O que levou você a se aprofundar sobre a C.F.?

 Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras;
mostra-me a tua fé sem as tuas obras,
e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
Tu crês que há um só Deus; fazes bem.
Também os demônios o crêem, e estremecem. (Tiago 2, 17-19).

Bem... Acredito que não só a fé, mas todas as coisas da vida, sem ação estão mortas. O cristão não pode aceitar uma sociedade de morte; morte de pessoas, de sonhos, de culturas, do meio ambiente, de ideias... Mas é exatamente esse tipo de sociedade que estamos vivendo, a CF me parece uma iniciativa muito interessante, pois ela diz não aos vários tipos de morte que nos cerca. Isso é conveniente, porque o não deve ser dito em palavra e em forma de gesto concreto, é por isso que quis tentar conhecer melhor a história da Campanha da Fraternidade, eu não diria que me aprofundei, pois no fim acho que cheguei a conhecimentos apenas básicos, dos quais todo cristão comprometido com sua realidade social, ou ao menos, todo cristão católico, deveria saber já que, aqui no Brasil, a Campanha faz parte de um importante tempo: a quaresma.
Desse modo, creio que viver a fé católica, é também viver a Campanha da Fraternidade. Acredito que ela seja o maior, mais duradouro, amplo e ambicioso projeto de evangelização da Igreja no Brasil, que clama por uma vivência de fé comunitária e que busca juntar em uma só dimensão o EU, DEUS e o PRÓXIMO. Ao mesmo tempo, percebo que, na prática, esses ideais estão sendo esquecidos por muitos em nossa Igreja, instaura-se aí uma contradição: de um lado uma Igreja e uma sociedade clamam ações de ordem comunitárias, socialmente conscientes e criticas e, de outro, o crescimento de um modelo de fé e sociedade de valorização do consumismo, do lucro e do indivíduo, no qual se observa a busca de um ser divino que responda às angústias particulares e de uma ética que dá extremo valor às sensações pessoais que não necessitam de explicação.
Observamos que se nas décadas de 1960 até mais ou menos fins dos anos 70, vemos no Brasil, setores de um catolicismo engajado, emprenhado em lutar contra injustiças, que congregava fé e luta por justiça social, hoje embora a proposta continue muito da vivência se perdeu. A história da CF, nesse sentido, parecia ser um meio de encontrar uma resposta a pergunta que me inquietava: O que está ocasionando a morte de nossos ideais e de nossa luta?



2-    Qual a finalidade da C.F.?

"As estruturas de injustiça esmagando mais de dois terços de humanidade,
muitas ameaças, mas ha claros sinais de esperanças,
basta de absurdos, até quando?" (Dom Helder Câmara)
                                                                                                                                         
Certa vez, em um site, encontrei que a finalidade da CF é orientar sobre a dimensão comunitária invocada no Tempo da Quaresma, eu concordo com essa definição. Se na quaresma o católico é convidado a receber uma mensagem que o chama a viver um forte momento de transformação pessoal, a Campanha da Fraternidade convocaria aqueles que se convertem, se transformam, para unidos dizerem não ao pecado da omissão. Se a quaresma leva o sujeito a uma transformação pessoal, tendo como centro a oração, o jejum e a caridade, as Campanhas da Fraternidade conclamam, ano após ano, que essa transformação alcance uma dimensão maior, evidenciando uma proposta de vivência da fé que comporta a transformação social como necessária e urgente. Na quaresma devemos nos santificar, expurgar os sinais de morte que habitam em nós, para dignamente vivermos o mistério pascal, celebrarmos a vitória da vida sobre a morte. A CF esta imersa nesta lógica, mas voltada a uma dimensão social, na quaresma meditamos sobre os sinais de morte de nossa sociedade para que construamos os sinais de vida e os façamos triunfar.
Desse modo, faz parte da finalidade da CF que aprendamos que celebrar a quaresma é também “juntar-se em mutirão (...). Assumindo a cada ano uma dimensão da realidade social (...) “não podemos deixar de sentir seu passo que salva (o passo de Deus), quando se da o verdadeiro sentido do desenvolvimento, que é para cada um e para todos, a passagem de condições menos humanas (de morte) para condições mais humanas... (de vida). Menos humanas: as carências materiais dos que são privados do mínimo vital e as carências morais dos que são mutilados pelo egoísmo... “Mais humanas: a passagem da miséria para a pose do necessário, a vitória para as calamidades sociais...” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, 1999, p. 14)
A própria metodologia da CF (ver, julgar e agir) já nos fala muito de sua finalidade, transformar o mundo em um lugar mais fraterno e justo, logo mais de acordo com a vontade de Deus, ato que só é possível dentro de uma dimensão comunitária, o que implica em evocar uma divindade que “escute o clamor de um povo”, e não apenas uma necessidade particular, lembrando, como nos coloca os manuais das Campanhas da Fraternidade, que “a primeira autodefinição de Deus é ‘Eu sou a libertação, Eu ouvi o clamor do meu povo e resolvi descer para libertá-lo’(Ex 3, 7-8).” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, 1998, p. 14).
A CF tem como finalidade ser sinal de esperança. É muito claro, por exemplo, que muitos estão em situação de extrema miséria (econômica, educacional...) e poucos de opulência, isso por si só já é um grande escândalo, mas, como já foi observado pelos irmãos Boff ha anos atrás, o escândalo é ainda pior quando percebemos que uns e outros professam a mesma fé cristã, é uma gritante situação de morte para todos.
A superação comunitária das situações de morte que nos cerca é a grande finalidade da CF e isso não é apenas um objetivo de uma campanha, é uma exigência evangélica, pois como já disse D. Helder “É necessário viver a religião, não só representá-la”.

3-    Há quantos anos é trabalhado a C.F.?

Todos os manuais da CF trazem um pequeno histórico dela, neles as origens das Campanhas da Fraternidade estão localizadas no ano de 1961, ano em é que idealizada na Arquidiocese de Natal, com o objetivo de angariar recursos que seriam destinados a atividades assistenciais. Em 1962 a arrecadação de recursos foi realizada pela primeira vez e já em 1963 a Campanha seria lançada em nível nacional. No ano de 1964 é que temos de fato a primeira Campanha da Fraternidade nos moldes mais ou menos próximos aos de hoje, (Tema: Igreja em Renovação. Lema: Lembre-se: você também é Igreja). Assim, este ano a CF completa 47 aniversários.

4-    Teve alguma que gerou polêmica na sociedade?

“Sempre e em todos os cantos do mundo, se as pessoas querem
viver verdadeiramente o Evangelho, existe risco de dificuldades.”
(Dom Helder)

As CFs geram debates, discussões, mas polêmica, de modo geral, acredito que não, nem na Igreja nem fora dela, o que não me parece um bom sinal, pois se algo visa a luta pelos menos favorecidos, por transformação social, para que se alcance o objetivo é preciso tirar muita coisa do lugar, o que gera fortes descontentamentos. Na nossa sociedade não há quem de fato promova justiça e grite pelo que “não tem voz”, sem que acabe sendo alvo dos que estão muito bem, dos que tem inúmeros privilégios que jamais se sustentariam se a igualdade fosse alcançada, se a justiça fosse feita, se a fraternidade fosse uma realidade, enfim, se o Evangelho fosse verdadeiramente vivido. Daí se conclui que se a CF não gera tanta polêmica, pelo menos não como deveria, supostamente é porque não causa tanta transformação. Na verdade, muitas vezes, ela não causa verdadeira transformação de modo nenhum, acaba sendo apenas um momento de reflexão que acontece na quaresma, ou seja, ela acontece nas dimensões do VER e JULGAR, mas o AGIR parece que continua esperando pra acontecer.
Isso não significa que a CF não tenha importância, de modo algum, pois sem ela muitos na nossa Igreja sequer refletiriam, ou saberiam da existência de muitos problemas da nossa sociedade e nossa responsabilidade sobre ele. A grande questão é: até quando vamos apenas refletir?
Muitas vezes a CF não modifica nem nossas Igrejas. Sei de casos de Igrejas que durante a Campanha sobre as pessoas deficientes estavam passando por reformas, bem... As reformas fora feitas, mas as Igrejas não se tornaram acessíveis às pessoas deficientes. Isso não parece muito estranho? Porém, nesse mesmo ano, ouvi com alegria, alguém dizer: “a procissão de entrada vai ter uma pessoa com deficiência, eu ia participar, mas quando vi isso, não vou mais, porque o que estamos de fato fazendo pelas pessoas deficientes? Aí vamos colocar um entrando numa procissão como se isso bastasse? Acho isso uma palhaçada ...” Eu acho que esta pessoa entendeu o espírito da Campanha, pois não queria representar, mas viver a religião. Ela não concordou, não porque entendesse que a procissão estava errava, mas porque para que ela tivesse sentido de ser, era necessário que motivasse ações que extrapolassem os as paredes da Igreja. Quando esses gestos individuais se fizerem comunitários, aí teremos Campanhas da Fraternidade mais polêmicas, verdadeiras Campanhas da Fraternidade.

5-    Qual campanha durante todos esses anos que mais marcou? Por quê?

“Nem todo que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi abertamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade! (Mt. 21-23)

Gosto muito da ideia das campanhas Crer com as mãos (1968) e Ser cristão é participar (1970), pois elas nos mostram que religião não se vive só dentro da Igreja e que fé não se expressa apenas em palavras de adoração, embora estas sejam também, muito importantes.
Gosto também dos cartazes de 1985 (pão para quem tem fome) e de 1995 (eras tu senhor?) pela forte mensagem de que o Cristo está vivo nos que mais sofrem, o que me faz lembrar um forte frase de  Dom Helder: “Há a Eucaristia do Santo Sacramento: a presença viva do Cristo sob as aparências  do pão e do vinho. E há uma outra Eucaristia, a Eucaristia do pobre: aparência de miséria? Realidade do Cristo!”
Das Campanhas mais recentes, me marcou de modo especial a do ano passado (vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro), pois posso, ao lado de muitos estar errada, mas creio que o dinheiro como senhor absoluto, está na fonte dos demais problemas sociais que ano após ano são lembrados pelas Campanhas da Fraternidade.
Gosto das campanhas de que falei, porque elas sintetizam a ideia de que para os cristãos, já passa da hora de crer com as mãos, de participar, de encontrar Cristo no que sofre e dizer não a sociedade do consumismo extremo.
O fato das CFs se voltarem para problemas sociais já as tornam no mínimo interessantes, já que, ao menos, reflexões elas sempre provocam. Refletir, como já foi dito, não é o bastante, mas nada se faz bem sem a reflexão. Vivemos um tempo de muita apatia, nossa juventude, em sua maioria, parece estar absolutamente alheia a sua realidade social, ocupada demais com ilusões coloridas, com “heróis” que habitam naves... Parece haver tão pouco senso crítico que refletir, o que deveria ser apenas o primeiro passo, é muitas vezes tudo que se consegue fazer e mesmo sendo pouco, seria ainda pior se nada fosse feito.
As Campanhas sempre nos lembram o quanto não fazemos a vontade do Pai em relação ao irmão que sofre, acredito que a respeito dessa vontade todos sabem do que se trata, assim, a reação automática que todo cristão deveria ter em relação aos semelhantes e demais obras da criação divina que padecem deveria ser: Não pode ser! Isso não agrada a Deus é um insulto a sua vontade, eu não posso aceitar. Entretanto, nossa resposta é, normalmente, o silêncio, cometemos desse modo, a grande iniquidade da omissão e a inevitável consequência dela é o agravamento dos problemas sociais. Deus sempre pode nos perdoar dos nossos pecados, mas ao olhar de modo consciente para o mundo, a CF nos lembra que a sociedade nem sempre nos perdoa por nossas omissões, em certo manual da Campanha (que não recordo agora) li algo que nunca esqueci: “Temos urgência de nos encontrarmos com os excluídos como irmãos, antes que tenhamos que nos deparar com eles como nossos juízes”. Reflexão semelhante, podemos fazer sobre as agressões que cometemos contra a natureza.


6-    Quem trabalha e desenvolve o trabalho da C.F. é só a igreja católica ou alguma religião contribui com a campanha?


“(...) Porque o coração do Pai é
muito maior do que o registro de todas as nossas paróquias, (...) o
Espírito do Pai sopra por toda parte, mesmo lá onde os missionários
ainda não desembarcaram!” (Dom Helder)

A CF tem como uma de suas marcas o caráter ecumênico. Na maioria das vezes é a Igreja católica que idealiza as Campanhas, em outras, é o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC). É pertinente que se lembre que em 2005 o ecumenismo foi tema da CF, esta apontou aquele como um caminho para a promoção de uma cultura de paz. As campanhas da Fraternidade nos mostram que não podemos continuar “separados em nome de Cristo, separados em nome do céu, separados em nome da Bíblia e às vezes brigando por causa de Deus” (Pe Zezinho), pois já dizia um bispo anglicano “continuamos divididos por razoes de mortos, enquanto o povo vivo de hoje nos oferece todas as razoes para nos unirmos”.
Na sua realização a CF deve ir além do ecumenismo, pois toda sociedade é chamada a contribuir, seria um grande prejuízo se fosse de outro modo, pois não há mais espaço para que se defenda uma mentalidade excludente e que se volte para o “diferente” apenas para erguer críticas. Se a CF quer despertar a dimensão comunitária da fé, seria muito contraditório que para realizá-la a Igreja fechasse as portas. Há muito já é chegada a hora de dizer: “chega de uma igreja que quer ser servida; que exige ser sempre a primeira; que não tem o realismo e a humildade de aceitar a condição do pluralismo religioso!” (D Helder) e como já lembrou o Pe Roger Luiz: “a divisão é do diabo, a diversidade é do Espírito”


7-    Qual o tema e o que a C.F 2011 tem como meta pra atingir?

"Só quando a última árvore for derrubada,
o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá
que não pode comer dinheiro." (Provérbio Indígena)

A CF 2011 traz o tema, fraternidade e a vida no planeta, cujo lema é: a criação geme em dores de parto (Rm. 8.22). É um tema muito vasto e que certamente nos falará da vida em um sentido amplo, pois tratará da vida da mãe terra, de tudo que é fruto da obra de Deus. Creio que a grande meta seja o respeito a toda a criação que geme em agonia, o que implica em ações que visam alcançar alternativas frente às grandes agressões que estamos impondo ao meio ambiente para, sustentar nosso ridículo modo de vida, que está a passos largos destruindo o planeta.
Aproveito para lembrar um dos grandes dilemas que estamos vivendo em nosso país, a iminente construção da usina hidrelétrica Belo Monte, um projeto desastroso, sem escrúpulos, pois no país dos ventos e do sol, pra se gerar energia, se propõe continuar a saga dos 500 anos, matando gente, cultura, planta, animais... É um desastre ambiental que agride qualquer idéia de desenvolvimento sustentável que respeite a biodiversidade. Sobre as perdas que teremos, se vier a realizar-se a construção de Belo Monte, indico o vídeo Defendendo os Rios da Amazônia, que pode ser visto no you tube, onde está dividido em duas partes, ele é breve, mas resume bem a situação.
Belo Monte é um atentado a vida do planeta, um primeiro gesto concreto que podemos fazer é assinar e divulgar as petições públicas que estão disponíveis em alguns sites, um deles pode ser encontrado no endereço: http://www.avaaz.org/po/pare_belo_monte/
Vivemos no maior país católico do mundo, assim, creio que se todos que se dizem católicos apoiarem esta causa, ao lado dos outros que são sensíveis a este problema, o clamor da nossa nação não poderá ser ignorado. Comecemos já a viver a CF 2011.
Ainda este ano D Jose Maria Pires disse: “A obra de Deus é um mundo bonito para uma humanidade feliz. A Bíblia nos mostra que Deus não criou um vale de lágrimas. O que Ele fez foi um paraíso, um grande jardim com muita água (eram quatro rios) com muitas árvores frutíferas, muitos animais e muitas flores. Só depois de preparar essa mansão para a humanidade, foi que Ele criou o homem, lhe confiou este jardim para que cuidasse dele e encontrasse nele tudo o que fosse necessário para a sua sobrevivência.” Entretanto, já extinguimos muito do que nos foi confiado, olhando para a questão ambiental temos a impressão que já fomos tão longe que não é possível fazer muita coisa, em alguns casos de fato é assim, mas ainda há muito que precisa ser preservado, devemos fazê-lo porque temos a obrigação de sermos sinal de esperança e de luta, sinal de vida.  É urgente que façamos algo, que não percamos a vontade de transformar: "Se soubesse que o mundo se acaba amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore." (Martín Luther King)

8-    Existe algum material ou meios de comunicação que utiliza a cada C.F.?

Sim. Há vários, a CF é rica em subsídios; texto-base, cartaz, propagandas, vídeo, etc. O melhor é que nenhum deles exclui a possibilidade de usarmos nossa criatividade, podemos trabalhar com meios que sejam mais comuns a nossa cultura local, um cordel por exemplo. O importante é que a mensagem seja transmitida e a partir dela se construa reflexões e ações coerentes.

Primórdios da Campanha da Fraternidade



Os primórdios da Campanha da Fraternidade (CF), brevemente apresentados no vídeo acima, aparecem de modo muito similar nos manuais da CF. Em ambos os casos, podemos vislumbrar fatos que nos direcionam para alguns acontecimentos imediatos, que sistematicamente desenvolvidos, iriam tornar-se a Campanha da Fraternidade, possivelmente a maior ação cristã que une céu e terra, divindade e humanidade, almejando transformar os corações das pessoas em corações verdadeiramente humanos e portanto, verdadeiramente divinos, corações que cheios de amor não conseguem se conter e transbordam  fazendo-se gesto concreto, gesto transformador. 
Um coração cheio de amor jamais é compatível com passividade, pois tudo que está prestes a transbordar faz-se inquietude. "o amor é uma prática, não uma teoria".
Esse tipo de mentalidade que no cristianismo pensa como 'urgente e necessária' uma prática sócio transformadora, tão cara a Campanha da Fraternidade,só é possível na Campanha por situações que estão para além dos fatos que a instituem. O que cabe perguntar é: por que em dado momento torna-se possível a existência da Campanha da Fraternidade? o que estava acontecendo no mundo e na Igreja que explica   o surgimento e permanência da CF?
Historicamente, é muito comum que cristianismo e transformação social sejam compreendidos como coisas antagônicas,uma vez que a caridade, não o questionamento  que visa a transformação social,  seria a ação por excelência dos cristãos frente as problemas sociais.
Sendo assim, que acontecimentos precedem a CF? Em que contexto ela surge? O que ela significa para a Igreja, especialmente no Brasil? 
Nesse espaço, vamos pensar um pouco sobre isso juntos?
Primeiro Cartaz da Campanha da Fraternidade (1964)